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Possíveis aportes da moral Estoica para o momento atual e as políticas públicas Brasileiras

Contexto Ao observarmos atentamente os dias atuais, verificamos que a humanidade atravessa um contexto histórico pleno de contradições e desafios, onde ocupam posição de destaque as tensões, os conflitos, a insegurança, a indiferença, a perplexidade e principalmente o egoísmo, responsáveis por ampla manifestação de agressividade, ansiedade e angústia no âmbito das coletividades. Os males que corroem e degradam as sociedades não são uma novidade entre nós e estiveram presentes, por exemplo, na antiguidade clássica greco-romana, quando o declínio dos valores morais significou a quebra da unidade e mesmo a ruína de Impérios e Estados. No passado, a Filosofia Estoica, nascida na Grécia no século III a.C., com base nas ideias precursoras de Zenão de Cítio e logo disseminada pelo Império Romano, representou um contraponto ao progressivo quadro de deterioração de valores presente na sociedade de então. Propunha o fortalecimento dos princípios éticos como condição fundamental para o bom convívio entre os homens e para o alcance de seu supremo objetivo, a felicidade. A eudaimonia – ou a felicidade – poderia ser apenas alcançada com o domínio de si mesmo (ataraxia) que deveria ser vivida a partir da prática das virtudes. Seguiram as ideias de Zenão pensadores como Cleantes, Ariston, Zenão…

Significado da Amizade: o que os grandes homens da história falam sobre?

Ao começar esse artigo fui buscar a definição da amizade no meu dicionário Aurélio. Um de papel, grandão, repleto de poeira e com um cheiro forte por não ser usado há muito tempo. Confesso que ficar passando o alfabeto na cabeça para encontrar a palavra na ordem é um exercício que sinto falta já que hoje o Google conta tudo na ordem que a gente procura.Eu queria ter certeza de que a definição da internet estava correta. Pois achei que faltava um elemento essencial. E mesmo no dicionário não encontrei o que procurava. No Aurélio a primeira definição de amizade é: “Sentimento fiel, afeição; simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual.” Perguntei: “E onde está a virtude que une os amigos?” Entendo que a amizade sempre engloba fidelidade e estima. Mas para a filosofia isso não basta para chamar alguém amigo. Existe um elemento fundamental que precisa estar presente, e que falta, hoje, nas definições do dicionário, da internet e, principalmente, nas relações humanas. Na visão dos clássicos Na filosofia clássica a amizade é um laço muito especial entre duas pessoas. E esse laço não se baseia apenas…

Voluntariado: vontade de poder

No dia 05 de dezembro celebramos o Dia Internacional do Voluntariado. A data foi instituída pela ONU como uma forma de reconhecer e promover o trabalho voluntário ao redor do mundo. Não escapa à atenção o fato de que o voluntariado tem sido abraçado cada vez mais por seres humanos e instituições, o que é uma esperança. Mas, como tudo que é humano, pode ser aperfeiçoado. Já encontrei vários tipos de voluntários; os que faziam por se acharem em falta com os homens ou com Deus; os que sentem a necessidade de sacrificar-se em prol do bem alheio… Ambos são válidos, e até belos, mas, normalmente, um acaba tendo data para terminar, quando se imagina ter “findado a dívida” por faltas cometidas, enquanto o outro pode carregar consigo o sentimento de lamento por perder algo de maior valor em termos de prazer e satisfação. Claro que é melhor isto do que não fazer nada, mas buscar harmonizar fins e meios, também é virtude. Lendo Nietzsche, encontrei a expressão “vontade de poder” e lembrei-me de que voluntariado vem do latim voluntas, vontade. Não seria essa uma boa explicação para um legítimo voluntariado? Ele diz que é inútil a moral que busca…

A Terra chora

Há uma pergunta que nunca consegui deixar de me fazer: o que a Terra sente quando se queimam suas árvores? Se o planeta pudesse se expressar, como nos faria chegar a sua dor? Por mais ridículo que pareça, se os seres humanos variam de um lugar a outro em suas linguagens e formas de expressão, por que a Terra não deveria ter algum sistema próprio que pudesse ser compreendido pelos mais intuitivos e com mais discernimento? Se partirmos da base de que apenas os seres humanos estão conscientemente vivos, as perguntas anteriores não têm sentido. A Terra não seria mais que uma bem acondicionada rocha girando em sua órbita ao redor do Sol. Mas não posso evitar a lembrança de tantos filósofos antigos que souberam apresentar, com propriedade e clareza, seus pensamentos sobre a vida universal, que diz respeito a tudo que existe, embora se apresente sob as mais variadas formas. De acordo com isso, a Terra vive, tem seus ciclos de saúde e enfermidade, de tranquilidade e insegurança… Em sua própria escala, ela se alegra e sofre como nós. Não há provas disso? O que importa? Durante séculos, não tivemos provas das verdades científicas hoje aceitas e apoiadas em…

Sobre o desinteresse da juventude atual

Um fenômeno perceptível na juventude de todos os países ocidentais, em maior ou menor grau, é o que poderíamos chamar de desinteresse geral. Há uma tendência – em alguns lugares muito acentuada – a evitar toda forma não só de compromisso com qualquer posição espiritual, política ou religiosa, mas também de qualquer contato que não seja tangencial. Grande parte da juventude de hoje tenta passar pela vida o mais anonimamente possível. O pêndulo voltou a se mover, e daquela juventude dos anos 50 aos 70, tão inclinada a defender causas sociais e políticas, a interessar-se por fenômenos parapsicológicos ou pela sabedoria que se dizia vinda do Oriente, se passou gradualmente a esta outra juventude de meados dos anos 80, que ziguezagueia entre os grandes temas tentando não tocá-los. Há uma forma de asco por tudo ou um aburguesamento surpreendente que a torna indiferente a qualquer nova ideia ou posição. É óbvio que estamos nos referindo à generalidade, pois jovens ativos e ávidos de aventuras espirituais sempre existiram, existem e existirão. Mas hoje constituem uma ínfima minoria que se deve procurar como a uma agulha no palheiro. Tanto as pesquisas como nossa própria experiência em países de diferentes línguas e costumes,…

A amizade

“Amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração…” Coisa boa é lembrar a voz cheia e melodiosa de Milton Nascimento cantando. E nós caprichamos na afinação, pois o verso é bonito e inspira. Mas lá vêm os filósofos com questionamentos complicados: O que é guardar alguém no coração? Esse músculo que trazemos no peito não guarda nada, nem o sangue: bombeia para todos os lados. Será o coraçãozinho vermelho do papel de bombom? Este significa o quê? Acho que uma emoção agradável, assim como a que tiramos do chocolate, só que vinda de uma pessoa.Será que uma amizade é isso? Papo agradável, bom de bola, ouve boas músicas… Mas se não tenho o “amigo” à mão… Vou ao cinema, que me proporciona mais ou menos a mesma coisa: distração e fuga da solidão, ou seja, saciedade das minhas necessidades… É este o coração que o Milton recomenda guardar tão bem? Este, caso se perca, encontra-se de novo na bomboniere mais próxima, em geral, a preços módicos.Talvez seja mais fácil começar do amigo, para, depois, achar o coração. O que me diz esta palavra? Quando lembro de amigo, lembro de alguém que sempre dá o que…

A contaminação, os contaminantes e os contaminados

A natureza é um Macróbios [1] admiravelmente pensado e calculado para que as interações de seus componentes mantenham um equilíbrio, uma ecológica harmonia, onde possam conviver todos os seus elementos, em suas diferentes características de vivência e sobrevivência ativa, em todas as suas dimensões.Durante milhões de anos se mantiveram (reguladas por misteriosos mecanismos simbióticos) a pureza das águas, do ar, a natureza das pedras, as proporções de cor e radiação.Correções periódicas como as glaciações, os afundamentos, o movimento das placas continentais, a oscilação dos polos, mantiveram possibilidades aceitáveis de vida e evolução, assim como de aperfeiçoamento seletivo.Porém, o ser humano, no último século, entregue a uma alienação transformista, ébrio de produção e de consumo, obsecado por um pseudo conforto material, modificou pouco a pouco as condições, perdendo assim o equilíbrio. A acumulação dos subprodutos de uma atividade irracional, onde o movimento já não é um meio para chegar a alguma parte, senão um meio em si, apodrecidas as águas, cortados os bosques, envenenam o ar. Se o dito de que “a atividade é a lei da infância” é correto, jamais o homem foi tão infantil como agora.O sinal de alarme foi dado pelos cientistas há meio século, mas já entrou…

As motivações

Este tema pode ser examinado em seus dois aspectos: estar motivado ou estar desmotivado. Ambas são expressões que ouvimos diariamente, em diferentes ocasiões e em relação a muitos aspectos da vida.A motivação ou a desmotivação afeta todas as pessoas, inclusive aquelas que, dispondo dos ensinamentos de um Ideal Filosófico, não mantêm o rumo para converter este Ideal em um modo de vida feliz e duradouro. O que é motivação? É o motivo, a causa que nos leva ao movimento em um plano ou outro.O corpo tem motivos bastante evidentes para se movimentar, mas as causas mais interessantes de analisar são aquelas que colocam em movimento as emoções e a mente. Em geral, as emoções e a mente buscam a satisfação e evitam a inquietação: essas são as duas maiores e mais ilusórias motivações psicológicas.Afirma-se estar motivado quando há coisas das quais gostamos, que nos animam a obtê-las, produzem bem-estar, prazer e, principalmente, o apreço dos demais. Alcançar aquilo a que nos propusemos nos motiva a continuar em ação.Ao contrário, se diz estar desmotivado quando não há atrativo para nos levar à ação, seja porque não vemos resultados imediatos seja porque estamos desmoralizados por algum fracasso.Motivação e desmotivação se convertem então…

Esoterismo, estupidez ou sabedoria?

Milhões de pessoas fazem esta pergunta. Vale a pena encontrar uma resposta adequada e de acordo com a verdade. Buscaremos os caminhos mais simples e diretos. Buscaremos, pois buscar, interrogar-se e interrogar é a atitude filosófica por excelência. Primeiro Diferenciar e esclarecer. Definir e entender.Chama-se esotérico ao interior, à substância dos fenômenos e ao ser de toda inteligência. De tal sorte, e sem preconceitos de impotência, forçosamente vemos que toda manifestação se origina naquilo que se manifesta. Detrás de toda forma existe una ideia e, mais além de toda ideia, uma vontade. A ilusão da “casualidade” é substituída, favoravelmente, pela realidade da “causalidade”. Entre ser e ente, substância e fenômeno, existe uma relação natural.A relação é ação, o que os hindus chamam de Karma, e essa ação se desenvolve segundo uma vontade inteligente ou Dharma, que daria um sentido à vida ou sadhana. A utilização da terminologia oriental é intencional, pois, infelizmente, é muito mal-usada em tudo que é referente ao esotérico, e é oportuno dar-lhes seu verdadeiro significado.A exteriorização do esotérico é o exotérico ou externo, visível, palpável. É a circunstância. É o movediço e cambiante entorno da realidade.Assim, o esotérico é essencialmente verdadeiro, existente e qualitativamente mistérico, e…

Filósofos e sofistas

Se a evidência foi, em muitas épocas da evolução humana, um elemento de conhecimento e constatação das coisas, é evidente que a História se repete. Com aparências ligeiramente modificadas, com circunstâncias pouco variadas, são as mesmas forças, as mesmas ideias que se apresentam em um jogo de opostos que talvez contribua para o equilíbrio definitivo da evolução. Há muito tempo, cerca de 2.500 anos atrás, viveu-se na Hélade um confronto público, político e moral entre sofistas e filósofos. Pode ter parecido um evento exclusivo dessa civilização. No entanto, sempre existiram, existem e parece que continuarão a existir sofistas e filósofos. Quem eram esses sofistas da época? Eram personagens de variados conhecimentos, com excelente oratória e uma extraordinária capacidade de demonstrar uma coisa e também o contrário dessa mesma coisa. Sua função era formar os jovens atenienses para as confrontações da nascente democracia; era preciso desenvolver habilidades que se ajustassem às necessidades políticas do momento. Pouco importava a verdade ou o encontro com o divino; o determinante era a felicidade humana no presente e a variedade de opiniões diante de uma Verdade que parecia distante e inacessível. Em resposta a esse florescimento sofístico, aparece Sócrates em cena. Ele é filósofo amante…