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Sobre o desinteresse da juventude atual

Um fenômeno perceptível na juventude de todos os países ocidentais, em maior ou menor grau, é o que poderíamos chamar de desinteresse geral. Há uma tendência – em alguns lugares muito acentuada – a evitar toda forma não só de compromisso com qualquer posição espiritual, política ou religiosa, mas também de qualquer contato que não seja tangencial. Grande parte da juventude de hoje tenta passar pela vida o mais anonimamente possível. O pêndulo voltou a se mover, e daquela juventude dos anos 50 aos 70, tão inclinada a defender causas sociais e políticas, a interessar-se por fenômenos parapsicológicos ou pela sabedoria que se dizia vinda do Oriente, se passou gradualmente a esta outra juventude de meados dos anos 80, que ziguezagueia entre os grandes temas tentando não tocá-los. Há uma forma de asco por tudo ou um aburguesamento surpreendente que a torna indiferente a qualquer nova ideia ou posição. É óbvio que estamos nos referindo à generalidade, pois jovens ativos e ávidos de aventuras espirituais sempre existiram, existem e existirão. Mas hoje constituem uma ínfima minoria que se deve procurar como a uma agulha no palheiro. Tanto as pesquisas como nossa própria experiência em países de diferentes línguas e costumes,…

A contaminação, os contaminantes e os contaminados

A natureza é um Macróbios [1] admiravelmente pensado e calculado para que as interações de seus componentes mantenham um equilíbrio, uma ecológica harmonia, onde possam conviver todos os seus elementos, em suas diferentes características de vivência e sobrevivência ativa, em todas as suas dimensões.Durante milhões de anos se mantiveram (reguladas por misteriosos mecanismos simbióticos) a pureza das águas, do ar, a natureza das pedras, as proporções de cor e radiação.Correções periódicas como as glaciações, os afundamentos, o movimento das placas continentais, a oscilação dos polos, mantiveram possibilidades aceitáveis de vida e evolução, assim como de aperfeiçoamento seletivo.Porém, o ser humano, no último século, entregue a uma alienação transformista, ébrio de produção e de consumo, obsecado por um pseudo conforto material, modificou pouco a pouco as condições, perdendo assim o equilíbrio. A acumulação dos subprodutos de uma atividade irracional, onde o movimento já não é um meio para chegar a alguma parte, senão um meio em si, apodrecidas as águas, cortados os bosques, envenenam o ar. Se o dito de que “a atividade é a lei da infância” é correto, jamais o homem foi tão infantil como agora.O sinal de alarme foi dado pelos cientistas há meio século, mas já entrou…

Esoterismo, estupidez ou sabedoria?

Milhões de pessoas fazem esta pergunta. Vale a pena encontrar uma resposta adequada e de acordo com a verdade. Buscaremos os caminhos mais simples e diretos. Buscaremos, pois buscar, interrogar-se e interrogar é a atitude filosófica por excelência. Primeiro Diferenciar e esclarecer. Definir e entender.Chama-se esotérico ao interior, à substância dos fenômenos e ao ser de toda inteligência. De tal sorte, e sem preconceitos de impotência, forçosamente vemos que toda manifestação se origina naquilo que se manifesta. Detrás de toda forma existe una ideia e, mais além de toda ideia, uma vontade. A ilusão da “casualidade” é substituída, favoravelmente, pela realidade da “causalidade”. Entre ser e ente, substância e fenômeno, existe uma relação natural.A relação é ação, o que os hindus chamam de Karma, e essa ação se desenvolve segundo uma vontade inteligente ou Dharma, que daria um sentido à vida ou sadhana. A utilização da terminologia oriental é intencional, pois, infelizmente, é muito mal-usada em tudo que é referente ao esotérico, e é oportuno dar-lhes seu verdadeiro significado.A exteriorização do esotérico é o exotérico ou externo, visível, palpável. É a circunstância. É o movediço e cambiante entorno da realidade.Assim, o esotérico é essencialmente verdadeiro, existente e qualitativamente mistérico, e…

A Educação Segundo Platão

No livro, A República, de Platão, e em As Leis, de uma maneira mais extensa, este problema da educação está talvez melhor definido. Quando o livro começa, com os caminhantes que vão marchando em direção ao templo de Zeus Olímpico, diz-se que a melhor forma de educar é mediante a Ginástica e mediante a Música. Obviamente, quando escutamos as palavras “ginástica” e “música” hoje fazemos, sob o nosso ponto de vista, uma imagem um tanto falsa. Ao pensar em ginástica imaginamos jogos de tipo físico: levantamento de pesos, boxe, dardo; quando pensamos em música, pensamos em tocar guitarra ou cítara ou o que fosse. Não é exatamente o que os gregos pretendiam ou o que Platão queria expressar. Ele falava da Ginástica -de gymnós, nudez- como de uma aptidão especial nos jovens, os quais podiam desenvolver toda a sua pureza no sentido físico de descontaminação. Platão recomenda separar as gerações – e isso foi muito discutido-, não concorda que os jovens sejam educados pelos pais; Platão propõe em A república que só durante cinco anos -no chamado gineceu- as crianças estejam a cargo dos seus pais, e que logo têm que passar às mãos dos paidagogoi, ou seja, os pedagogos…

O Caminho Inverso

Quando lemos os textos de História destacam-se as figuras de um Alexandre, um Júlio César, um Napoleão, um Bolívar, como que sobressaindo do seu fundo, de tal maneira que somente os vemos a Eles. É óbvio que não sonharam, trabalharam e lutaram sozinhos – e isso pouco importa – mas as suas silhuetas tremendas cobrem todo o horizonte dos feitos humanos, quase sem deixar lugar a outra coisa a não ser eles próprios. Inclusive, quando são mencionados os seus colaboradores, os seus inimigos, os seus amores, as suas amizades, todos eles parecem anões e se os conhecemos é somente pelo cruzamento circunstancial com a figura do Herói. Se Xantipa não tivesse despejado em público um balde de água sobre a cabeça de Sócrates o seu nome jamais teria chegado a nós; e dela sabemos – ou importa-nos saber – pouco mais do que essa história. Mas desde o século XVIII, foi-se forjando o que o nosso genial Ortega chamou “A Rebelião das Massas”. E as figuras heroicas vão-se diluindo em cada vez mais numerosa companhia. Não se desconhecem os seus méritos, mas estes são partilhados com muitos e a tumba ao “Soldado Desconhecido” é, geralmente, nos dias que correm, mais…

Um pouco de cortesia, por favor!

Começamos por esclarecer que o verdadeiro sentido etimológico e ideológico da palavra “Cortesia” advém das antigas “Cortes”, lugares habitualmente frequentados pelos filósofos, artistas, literatos, políticos, economistas, juízes, médicos e, em geral, todos os profissionais e pessoas distintas a quem correspondia tomar as considerações e decisões de um Estado ou Reino, numa – segundo Platão – congregação, em que através dos seus talentos, saberes e habilidades, prestavam um serviço público à sociedade; os que estavam dedicados ao Estado, palavra que em latim se transformou na res publica (da causa pública), de onde provém a palavra “República”. Em todas as antigas culturas e civilizações que conhecemos, mesmo que parcialmente, existia uma forma “cortês” de relações entre pessoas. Na denominada Idade Média do Ocidente, o cortês desenvolveu-se num círculo mais fechado de comunicação entre Damas e Cavaleiros e destes entre si, desde a formação como pajens até à culminação como cavaleiros. Infelizmente, com o passar do tempo, muitas dessas úteis e saudáveis tradições caíram em desuso e até na degeneração, promovendo costumes falsos e mentirosos. Esta última imagem é a que nos conduziu ao nível de comunicação massiva. E hoje, entre os medianamente jovens, os que sofreram as deformações do pós-guerra, a cortesia…

Ser Jovem

“Juventude, divino tesouro, vais-te embora para não voltar.Quando quero chorar não choro e às vezes choro sem querer.” Rubén Darío Desta vez não nos vamos referir à juventude da alma… à misteriosa “Afrodite de Ouro”, a essa bondosa Mãe que nos faz ver a parte bela e boa da Natureza e da Alma. Mas sim à vulgarmente chamada “juventude”, à qual elevamos um trono entre os afortunados. Pois, mais além de toda a reflexão esotérica e conhecimento oculto sobre as reencarnações, é indiscutivelmente a Primavera da vida, com as suas tempestades e chuvas de granizo, mas Primavera finalmente, pletórica de força, vitalidade, cores e demais encantos. O famoso poeta de língua espanhola que citámos no princípio, soube recolher em versos muito simples o sentimento coletivo da maioria das pessoas; ele era, sem dúvida, um amado das Musas. Dirijo-me, então, àqueles que ainda não cumpriram os trinta anos físicos. Sei que esta idade como topo da juventude é arbitrária, mas parece-me a idade mais ajustada, como termo médio a nível mundial.Em muitos casos, desgraçadamente, o jovem desperdiça essa “Primavera” da sua vida; escapam-se as rédeas das suas mãos e o seu corpo e os seus sentidos descontrolam-se até caírem em caminhos…

A Arte de Encontrar Deus

Humanidade nunca teria dominado a matéria natural do seu meio envolvente se não tivesse sido por um feito aparentemente sobrenatural que é a intuição de Deus. Foi isto e não outra coisa que a diferenciou definitivamente dos animais. Segundo as mais antigas tradições que não contradizem as últimas investigações da ciência – o habitualmente chamado “Homo Sapiens” não foi o começo da Humanidade, mas os restos de uma forma anterior cuja cultura e civilização foi destruída, gerando outra nova, a atual. A característica deste “Homo Sapiens”, e o que o diferencia do degenerado humanoide denominado “Homo Habilis”, é que desde o início, toda a sua vida, refletida nos restos das suas obras, está impregnada de magia, ou seja, de uma instrumentalização metafísica ao serviço de um contacto, mais ou menos misterioso, entre a sua própria identidade espiritual e o Divino. Os cultos à Grande Mãe ou ao Pai Urso não são mais do que formas externas de uma percepção viva e permanente de um “Algo” que está mais além do estritamente visível, com um número indeterminado de intermediários, desde os Espíritos da Natureza até aos grandes Deuses que regem o destino dos astros, incluindo a nossa própria Terra. Através das…

Para que tua Alma Cresça

Não me refiro ao teu Espírito Divino que, por sê-lo ser divino, não pode crescer nem decrescer, nascer nem morrer, mas àquela parte superior em nós a qual chamamos comumente de Alma. É sabido por todos que o exercício físico, por exemplo, desenvolve os músculos, e, que qualquer aprendizagem deve ser feita com base na tenacidade em exercitar aquilo que queremos fazer crescer, seja o domínio de um idioma ou o de uma máquina qualquer. Da mesma maneira, se queres fazer crescer tua alma tens de exercitá-la, incansavelmente, todos os dias. E para isso não são imprescindíveis os exercícios especiais, basta uma reta atenção, naturalmente orientada ao espiritual. Quando observares o fototropismo das folhas de uma planta ou a casca das árvores, trata de captar aquilo que está mais interiormente colocado, o que é o motor e a causa do que superficialmente vês. Acostume-te a sentir as mãos de Deus através do teu entorno, estudando cuidadosamente todas as coisas, com a pureza e a inocência de uma criança. Acostuma a te deter várias vezes por dia ano teu trabalho e afã, para te dedicar, embora seja por uns poucos minutos, a observar. Deixe teu corpo quieto e em uma posição…

A Interpretação Esotérica de A Primavera

Este tema, da interpretação esotérica de uma das pinturas mais famosas do mundo, não é fruto de fantasias, mas de se ter reencontrado a chave básica utilizada pelo genial Sandro Botticelli – que é conhecido por este nome – para representar maravilhosamente a passagem da alma pela manifestação carnal. Um prólogo necessário a toda a referência ao fantástico movimento do Humanismo, infelizmente até hoje muito mal compreendido pelos especialistas influenciados pelo pensamento exclusivista centro-europeu, serve para nos pormos em dia com as novas correntes de interpretação histórica que estão a despontar de cara voltada para o século XXI. Para começar, esclarecemos que as divisões do passado humano suficientemente conhecido para se chamar «História» respondem, se bem que baseadas em fatos reais, ao nível das possíveis investigações e aos critérios mais ou menos gerais dos especialistas, os quais fixam, antes de tudo, uma meta pedagógica, pois história que não se ensina não é história segundo a acepção atual. Até meados do século XX, a nossa cultura ocidental dividiu o seu próprio passado recente em: Época Clássica, desde o século VI a.C. até ao século V, fazendo coincidir esta última data com a queda do Império Romano do Ocidente. Idade Média, desde…