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A Verdadeira Poesia

A poesia, como tudo que é importante na vida, é difícil de definir. Este trabalho seria infindável se tratássemos de apontar as características certas ou falsas que, desde o fundo da nossa história conhecida, foram dadas à poesia. Hoje, sabemos que os Egípcios, os Sumérios e os Chineses – para citar alguns exemplos do passado remoto – faziam poesia e davam-lhe a maior importância. Na Índia milenar, os textos mágicos e religiosos mais antigos estão originalmente escritos em forma de poema, como o Mahabharata, que compreende no seu próprio interior o imortal Bhagavad Gita e o Uttara Gita. Os antigos concebiam todo o universo como sendo harmônico, regido pelos números e pelas proporções de ouro. Isto refletiu-se na ordenação dos sons, os quais alternados com os silêncios, deram origem à música, ao canto e à poesia, todas elas expressões do Homem que tratou, desde sempre, de fazer surgir da sua Alma as misteriosas sementes que os deuses tinham depositado nela, para uma melhor e mais justa compressão de si mesmo, da Natureza e de Deus. Mas como o modelo que podemos chamar “clássico” tem por característica unir o bom, o belo e o justo – conforme afirma o divino Platão…

A Realização de um Sonho Milenar

Evidentemente, a presente geração deste espantoso século XX teve o privilégio de assistir à chegada à Lua. Dizemos privilégio, pois, ainda que novas façanhas superaram muito rapidamente este acontecimento, o fato tem uma enorme dimensão e serão necessários anos para compreende-lo e valorizá-lo em seu verdadeiro tamanho. Durante milênios, a conquista da Lua constituiu um dos maiores sonhos de toda a Humanidade. O fato de que milhões de seres humanos puderam acompanhar o fato através das telas da televisão não poderia nunca ter sido previsto. A realidade superou o sonho. Em certa medida, todos ficaram tão consternados com a conquista da Lua que ainda não estamos completamente convencidos de que seja verdadeiro. Sem chegar ao mérito se valia ou não o imenso esforço realizado e a fabuloso investimento dispendido, além da utilidade pragmática desta conquista, encontramos o assombro… e, até certo ponto, o desconcerto. Aplicações da Conquista Espacial Ainda que seja prematuro predizer em que medida estas conquistas se traduziram em beneficio à Humanidade, é evidente que se abriram campos novos a aplicação de certos descobrimentos científicos e técnicos. Satélites meteorológicos e de comunicações rendem excelentes frutos e não parece longe o dia em que teremos laboratórios em órbita no…

O Símbolo de Gilgamesh – O Homem Que Não Podia Morrer

O tema de hoje, obviamente, estudamo-lo de uma forma técnica na cadeira de Fenomenologia Teológica (Religiões Comparadas da Nova Acrópole). Estudamos as traduções dos rolinhos e tabuinhas sumérias, babilónicas, etc., que esses homens do terceiro e do quarto milénio antes de Cristo nos deixaram. Nesse legado encontrámos referências ao Mito de Gilgamesh. Vamos analisar este mito sob o ponto de vista simbólico e não tão técnico, de maneira a que possa interessar a cada um de nós. Pessoalmente, creio que não só na história dos símbolos, mas também na história dos acontecimentos humanos, o mais importante não é captar a parte técnica ou formal – porque o técnico e formal passa – mas captar o espírito, captar os motores que puderam mover os acontecimentos históricos, quer seja na parte material, económica, política, espiritual. Refiro-me àquela parte que sobrevive em nós como humanidade e que é sempre fresca e atual. Então, Gilgamesh, não vai ser para nós somente aquele gigante sumério filho de Enlil, mas vai ser um símbolo, algo que pode estar em cada um de nós. Gilgamesh é o filho de Enlil e diz-se – segundo todas as parábolas e todas as formas simbólicas – que é esse grande…

A Vênus de Milo e a Vitória da Samotrácia

São obras do período helenístico, guardadas no Museu do Louvre, em Paris. Realizadas em mármore pentélico e de Paros, resumem as expressões corporizadas de duas deusas: Niké e Afrodite. Resumem também dois recônditos mistérios que torturam, acompanham e glorificam a humanidade desde a sua aparição na Terra: a Guerra e o Amor. Neste mundo superficial, onde a pouca profundidade substituiu a guerra pela briga e o amor pelo sexo, as duas imagens fabulosas nos levam a nossos ancestrais puros e formidáveis. Nenhuma das dois pode ser compreendida pelo turista apressado; é necessário meditar pelo menos uma hora ante cada uma delas para preencher-se com suas essências. A Vitória, dorso de mulher envolta em túnicas revoltas pela humanidade e pelo vento e sustentada por poderosas assas, de pé, na proa de um navio de pedra nos fala do triunfo sobre o mal, de gloria e de ascensão através de um ideal inegoísta e sublime. É a Guerra Sagrada, o triunfo sobre a escuridão, a ignorância e o medo. A seu lado sentimos o fragor dos gritos dos remadores encantados pela aventura, remando sem porto, pelo mar, de vento cruzado com o gemido augural das gaivotas. Abaixo ruge o Oceano negro; acima…

Era uma vez um rio

Era uma vez um rio – diz uma velha tradição oriental – que corria mansamente no seu cômodo leito de barro. As suas águas eram turvas e nelas viviam peixes da cor do chumbo que buscavam o seu alimento no lodo. Como era muito pouco profundo, nenhum ser humano ainda se tinha lembrado de fazer uma ponte sobre ele, conformando-se apenas em colocar algumas pedras no seu leito que improvisavam caminhos umidificados pelas lentas águas. Os animais dos bosques vagueavam pelos lugares menos profundos, revolvendo as entranhas do rio com as suas patas. Para beber iam ao lago mais próximo, porque as águas do rio eram escuras e cheiravam mal.