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Significado da Amizade: o que os grandes homens da história falam sobre?

Ao começar esse artigo fui buscar a definição da amizade no meu dicionário Aurélio. Um de papel, grandão, repleto de poeira e com um cheiro forte por não ser usado há muito tempo. Confesso que ficar passando o alfabeto na cabeça para encontrar a palavra na ordem é um exercício que sinto falta já que hoje o Google conta tudo na ordem que a gente procura.Eu queria ter certeza de que a definição da internet estava correta. Pois achei que faltava um elemento essencial. E mesmo no dicionário não encontrei o que procurava. No Aurélio a primeira definição de amizade é: “Sentimento fiel, afeição; simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual.” Perguntei: “E onde está a virtude que une os amigos?” Entendo que a amizade sempre engloba fidelidade e estima. Mas para a filosofia isso não basta para chamar alguém amigo. Existe um elemento fundamental que precisa estar presente, e que falta, hoje, nas definições do dicionário, da internet e, principalmente, nas relações humanas. Na visão dos clássicos Na filosofia clássica a amizade é um laço muito especial entre duas pessoas. E esse laço não se baseia apenas…

Sugestão de livro: Apologia de Sócrates, de Platão

“Pois que, ó cidadãos, o temer a morte não é outra coisa que parecer ter sabedoria, não tendo. É de fato parecer saber o que não se sabe. Ninguém sabe, na verdade, se por acaso a morte não é o maior de todos os bens para o homem, e, entretanto, todos a temem, como se soubessem, com certeza, que é o maior dos males. E o que é senão ignorância, de todas a mais reprovável, acreditar saber aquilo que não se sabe? Eu, por mim, ó cidadãos, talvez nisso seja diferente da maior parte dos homens, eu diria isto: não sabendo bastante das coisas do Hades, delas não fugirei. Mas fazer injustiça, desobedecer a quem é melhor e sabe mais do que nós, seja deus, seja homem, isso é que é mal e vergonha. Não temerei nem fugirei das coisas que não sei se, por acaso, são boas ou más.”Trecho do livro. Nesta obra Platão escreve sobre Sócrates, seu mestre. Mais que contar sobre suas virtudes e ensinamentos, Platão conta como foi seu julgamento, sentença e morte, mostrando também os motivos que o levaram a aceitar a pena de morte mesmo depois de lhe ter sido concedido exílio do país…

Marco Aurélio: A capacidade de lidar com os medos e as incertezas

Conhecido como o imperador filósofo, desde criança Marco Aurélio se dedicou a buscar a sabedoria através da filosofia. Integrou a corrente do Estoicismo, cujo compromisso era o desenvolvimento de uma moral humana. Moral esta que ajuda a distinguir o que é eterno do que é passageiro; o que é bom, daquilo que se afasta do bem; o justo, do que é injusto. E a partir destas distinções poder fazer melhores escolhas, ter uma vida mais serena e segura. Esta coerência entre os princípios e as ações nos dá poder diante das circunstâncias. Um eixo de sustentação interno que nos garante uma independência dos acontecimentos à nossa volta. Oriundo de uma família nobre, Marco Aurélio nasceu em Roma no ano 121 d.C. Teve várias dificuldades pela posição que ocupava e por querer viver uma vida moral. Seu campo de atuação foi Roma, onde foi preciso lidar com a diversidade de línguas, religiões, invasões, pestes e traições. Ele exercitou sua moral nessas dificuldades que se apresentavam. Assim como Marco Aurélio, também temos nosso campo de atuação, que está na nossa família, trabalho, trânsito, ou seja, no nosso dia a dia. Desde criança, Marco Aurélio demonstrava interesse em valorizar os prazeres da alma…

Confúcio: convivência em tempos de crise

As relações humanas são fontes de dores e prazer para nós: a convivência é difícil para todo mundo, é um desafio poder se relacionar. A filosofia por trás de Confúcio nos mostra como é possível construirmos pontes em vez de muros, harmonizando nossas relações e tornado a convivência uma experiência evolutiva. Confúcio nasceu na província de Lu, no ano de 551 a.C., e deixou uma filosofia voltada para a civilidade, tratando sobre os protocolos nos relacionamentos humanos. Ele partiu da mentalidade clássica chinesa que ele resgatou em seu período histórico, marcado por muitos combates e divisões. Confúcio ensinava que o ser humano deveria viver para cumprir o seu papel no mundo concreto a fim de estabelecer e refletir a ordem cósmica, a fim de poder espelhar o céu. Todos nós temos o nosso papel, e quando conseguimos cumpri-lo bem, reproduzimos essa ordem cósmica na Terra. Conseguimos isso por meio do tom cerimonial com que tratamos todas as coisas da vida: a palavra certa, o tratamento adequado, a forma com que nos dirigimos às pessoas à nossa volta – para tudo existe um protocolo mais justo. Cada uma das nossas relações exige uma postura interna diferente, e à medida que o…

Sêneca: a vida simples e feliz

Ser forte e feliz, apesar das adversidades. Este foi um dos ensinamentos que o filósofo estoico Sêneca nos deixou. Lúcio Aneu Sêneca nasceu no ano 4 a.C., em Córdoba, na Espanha, e faleceu no ano 65 d.C., em Roma. Em linhas gerais, para o estoicismo a ética é um pré-requisito para a felicidade. A vida de Sêneca em Roma pode-se dizer que foi conturbada. Agripina, mãe de Nero, o escolheu para educar seu filho. No entanto, a certa altura, Nero enlouquece, mata a própria mãe, comete muitas barbaridades e condena Sêneca a cometer suicídio. Então, Sêneca corta os pulsos numa banheira com água quente. Apesar das dificuldades enfrentadas ao longo da vida, sua capacidade de reflexão era altíssima. Deixou verdadeiros tesouros para a posteridade em suas obras, a maior parte estruturada em cartas. O foco deste artigo serão as cartas escritas a seu amigo Lucilio, ao seu irmão Galião e a São Paulo, cartas excepcionais focando a questão da felicidade. Extraí p7 pontos dessas cartas, com reflexões que possibilitam a descoberta de um estilo de vida mais natural e mais feliz. Ponto 1 “Devemos suportar com o espírito forte tudo o que, por lei universal, nos é dado a enfrentar”…

A Ética na Medicina: um repasse histórico sobre a ética na medicina .

O cuidado médico aos doentes é um ato essencialmente humano com uma dimensão ética. Um buscador da deontologia médica, P. Peiro, nos diz: ”: Não podemos viver sem uma regra moral à qual estejam submetidas nossas ações“. O médico em atendimento deverá tomar decisões que podem chegar a influir na liberdade ou na vida humana. Deverá resolver problemas que não dependem somente de seus conhecimentos científicos, mas de suas crenças e de suas convicções humanistas A consciência de nossos próprios limites, o respeito pela dignidade humana, a capacidade de colocar-se no lugar do paciente, por exemplo, vai influir de forma evidente no cuidado médico. Assim, sensibilizado para os aspectos humanos da doença, o médico pode compreender que está em presença de um ser completo que sofre e que tem necessidade da ciência. Existe uma ética geral e uma ética específica da medicina cujas origens se confundem. A história da ética médica é a história dos ideais professionais e dos valores associados que influenciam na função do médico. Estes ideais éticos foram desenvolvidos e codificados em cada época pelos mais renomados médicos e constituíram as normas que eram seguidas aos praticantes.  Desde a aurora da Humanidade, houve uma relação estrita entre…

Protagonistas da História: JOANA D’ARC

(1412-1431) Um coração guerreiro Em certas ocasiões, a história deixa personagens, cujas vidas nos fazem crer ainda nos heróis e, neste caso, nas heroínas. Há momentos decisivos na vida que marcam o caminho do que você vai ser Joana D’arc nasceu em Domrémy, no seio de uma família camponesa. Sua infância transcorreu com normalidade até que, aos treze anos, acreditou ter ouvido a voz de Deus. Com o passar do tempo começou a ter visões de santos mártires, que a acompanhariam pelo resto de sua breve existência.  No princípio de 1429, em plena Guerra dos Cem Anos, essas vozes induziram-na a ajudar o Delfim(1). Antes que os ingleses invadissem Orleáns, Joana conseguiu convencê-lo de que Deus lhe havia encomendado a missão de salvar sua pátria. O Delfim, aconselhado por um grupo de teólogos, aprovou sua petição e concedeu a Joana tropas sob seu comando. Estas conduziram o exército gaulês à vitória definitiva. Uma vez expulsos os ingleses, o monarca Carlos II negou-se a empreender novas ações bélicas contra a Inglaterra. Ainda assim, Joana continuou sua particular cruzada. No ano de 1430, sem o apoio real, lançou uma operação militar em Compiégne, próxima de Paris. Ali foi capturada pelos borgonhêses, que…

Maio: O Despertar da Vida

Tradicionalmente (no hemisfério norte) Maio é o mês das flores, o mês da Primavera por excelência. E não recorremos a estas expressões como simples imagens literárias tantas vezes repetidas, mas pretendemos buscar o sentido simples e real da Primavera e da flor. Como os filósofos à moda antiga, tão velha que já é outras vez nova, queremos a resposta direta da Natureza para a sede de conhecimento que dorme em nós. É verdade que a Primavera é o despertar após o sonho que supõe o frio inverno. Também é verdade que no homem existem despertares cíclicos que sucedem a períodos obscuros ou de letargia. Um despertar é sempre belo, porque supõe luz, atividade, renovação, movimento… Mas uma vez despertos, como focar e continuar com a ação? Uma vez nascida a Primavera em nós, como torná-la duradoura? Talvez o maior mal dos homens consista em querer começar muitas coisas, mas não poder continuar com elas. Porque o começo supõe pouco esforço e, além disso, tem o atrativo da novidade, enquanto que a continuação do trabalho é sinônimo de paciência e experiência, de sacrifício e responsabilidade… E é então quando se evita a dificuldade da continuidade com a busca do novo, simplesmente…

Filosofia: A Grande Educadora

Embora digam que a filosofia não é prática e que não serve para nada, continuamos perguntando: e as grandes questões, as grandes inquietações… Onde são respondidas? Que fazemos com aquilo que nos aflige quando nos encontramos a sós conosco mesmo e nos perguntamos sobre o porquê da vida, da morte, da dor, do envelhecimento e das coisas que conosco ocorrem? Por que há sofrimento, e por que se pode passar do sofrimento à alegria, e da alegria ao sofrimento, e que é que nos conduz como um vento de uma coisa à outra? Por que temos medo e por que duvidamos…? E quando surgem estas perguntas, ou as respondemos ou vivemos perpetuamente angustiados por termos lançado uma cortina diante dos nossos olhos, tentando não ver o mais importante. Quando há dúvidas, não há outro remédio que perguntar. Quando Sócrates dizia “Só sei que nada sei”, não o dizia por conformar-se com nada saber. Trata-se de um reconhecimento de que o que não se sabe é um ponto de partida: “Vou saber mais porque necessito de mais”. Embora passem os séculos, o ser humano continuará levantando estas questões. E basta que nos exijam uma resposta para que a filosofia se torne…