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O Mundo tem Fome

O estado de carência absoluta para muitos seres humanos é um dos maiores males do nosso mundo. Porém, existem outros tipos de carências mais sutis, que não aparecem nas estatísticas, mas que vão minando aqueles que as sofrem. Os meios de comunicação nos acostumaram às mais macabras imagens, que refletem o estado de carência absoluta em que se encontram muitos seres humanos. A fome é como uma garra feroz que supera em muito as mais cruéis doenças e, assim como no caso desses males incuráveis, não se encontra um remédio rápido e prático para detê-la. Porém, acreditamos que a coisa vai mais além e que a fome não faz somente os corpos como sua presa, mas vai minando paulatinamente o que caracteriza a humanidade. Por isso, especificaremos alguns dos âmbitos em que a miséria é notada com mais potência. FOME FÍSICA São muitos, milhões, os que não têm nada para comer. Só na África, de acordo com as estatísticas, morreram de fome mais de trinta milhões de pessoas nos últimos anos… Poderíamos acreditar que a fome afeta quem vive em terras pobres, desérticas, e em parte é verdade. Mas também morrem de inanição quem tem terras férteis à sua disposição,…

O Fácil e o Difícil

Falamos de trabalhos difíceis, de assuntos difíceis, de situações psicológicas difíceis, de ações ou circunstâncias difíceis, de pessoas difíceis, de épocas difíceis… A lista seria infindável, e não pretendemos completá-la nem dar uma solução para cada um dos casos em tão poucas linhas. Queremos, sim, chamar a atenção sobre a posição interior de quem se enfrenta com o difícil. Quase todos reconhecem que há coisas fáceis: geralmente, são as que os demais fazem e umas poucas que cada um dos afetados cumpre satisfatoriamente. Não sei por que a maioria das pessoas pensa que “os demais” – os “não grous” do mito platônico – têm coisas fáceis para fazer, e que a vida acumula as dificuldades sobre a gente e não sobre eles. Talvez seja porque a maioria das pessoas não sabe se colocar, de verdade, no lugar das demais. Por outro lado, cada um sabe que, diante de certas situações, pode desembaraçar-se de qualquer dificuldade; cada um sabe que tem capacidade para fazer bem ou muito bem algumas tarefas. Junto a estas, se juntam muitas outras vistas como insolúveis, como metas inalcançáveis. Pensemos um pouco. O fácil em si não existe. Se perguntássemos a cada pessoa o que é que…

No Mês de Abril: São Jorge

Aqui está uma estranha figura, cujas histórias afundam tão profundamente dentro dos limites lendários que é muito difícil representá-la claramente. Mas São Jorge, inquestionavelmente, era um símbolo de tanta importância, que em diferentes épocas foi apresentado como uma bandeira da Cavalaria, Honra e Sacrifício. Os dados mais conhecidos nos falam de George, o príncipe da Capadócia, que atuou como guerreiro sob as ordens do imperador Diocleciano. Morreu em aproximadamente 303 dC, e desde então é lembrado por sua notável santidade cristã. No entanto, há um fato, mítico ou não, que o manteve fresco na memória de todos os tempos, e é a morte do dragão. Numerosas versões, algumas mais antigas que outras, nos dizem que São Jorge libertou uma princesa do ataque de um dragão, e de lá sua fama como cavaleiro invencível surgiu e de lá ele foi reverenciado como Patrono dos Cavaleiros. E é aqui que o mito apoia nossas buscas e nos ajuda a reconhecer esse herói e santo a quem nos referimos. Simbolicamente, tanto na Idade Média quanto em épocas anteriores, o Dragão é a imagem da matéria, do mal, das forças das trevas que espreitam e estão dispostas a destruir tudo com o fogo das…

Medo como Doença

Várias vezes já falamos e nunca é demais voltar a repetir: o homem está doente de medo e as consequências dessa enfermidade se manifestam em novos e piores distúrbios que aparecem a todo momento O medo é uma terrível garra que se fecha sobre os pensamentos, os sentimentos e a vontade, tirando do ser humano toda a possibilidade de ação inteligente. A atividade vital se reduz a defender-se, a escapar de tudo, a evitar as responsabilidades, a evadir-se de decisões, a esconder-se para “não chamar a atenção”; o cinza e opaco é hoje o mais apreciado e essas são precisamente as características do medo que também é opaco e cinza. Aparece nesta circunstância uma modalidade especial: a do “anti”, aquele que se opõe a todas as coisas enquanto estas coisas significam o menor esforço pessoal próprio. Todas as coisas são “más”, pois os defeitos são os primeiros que se destacam, enquanto que o medo crescente faz perder toda a oportunidade de reconhecer virtudes. Estar contra tudo – que é o mesmo que não estar a favor de nada – é uma nova expressão patológica derivada do medo. A única coisa que se sustenta como boa é o benefício próprio, a…

Maio: O Despertar da Vida

Tradicionalmente (no hemisfério norte) Maio é o mês das flores, o mês da Primavera por excelência. E não recorremos a estas expressões como simples imagens literárias tantas vezes repetidas, mas pretendemos buscar o sentido simples e real da Primavera e da flor. Como os filósofos à moda antiga, tão velha que já é outras vez nova, queremos a resposta direta da Natureza para a sede de conhecimento que dorme em nós. É verdade que a Primavera é o despertar após o sonho que supõe o frio inverno. Também é verdade que no homem existem despertares cíclicos que sucedem a períodos obscuros ou de letargia. Um despertar é sempre belo, porque supõe luz, atividade, renovação, movimento… Mas uma vez despertos, como focar e continuar com a ação? Uma vez nascida a Primavera em nós, como torná-la duradoura? Talvez o maior mal dos homens consista em querer começar muitas coisas, mas não poder continuar com elas. Porque o começo supõe pouco esforço e, além disso, tem o atrativo da novidade, enquanto que a continuação do trabalho é sinônimo de paciência e experiência, de sacrifício e responsabilidade… E é então quando se evita a dificuldade da continuidade com a busca do novo, simplesmente…

Filosofia: A Grande Educadora

Embora digam que a filosofia não é prática e que não serve para nada, continuamos perguntando: e as grandes questões, as grandes inquietações… Onde são respondidas? Que fazemos com aquilo que nos aflige quando nos encontramos a sós conosco mesmo e nos perguntamos sobre o porquê da vida, da morte, da dor, do envelhecimento e das coisas que conosco ocorrem? Por que há sofrimento, e por que se pode passar do sofrimento à alegria, e da alegria ao sofrimento, e que é que nos conduz como um vento de uma coisa à outra? Por que temos medo e por que duvidamos…? E quando surgem estas perguntas, ou as respondemos ou vivemos perpetuamente angustiados por termos lançado uma cortina diante dos nossos olhos, tentando não ver o mais importante. Quando há dúvidas, não há outro remédio que perguntar. Quando Sócrates dizia “Só sei que nada sei”, não o dizia por conformar-se com nada saber. Trata-se de um reconhecimento de que o que não se sabe é um ponto de partida: “Vou saber mais porque necessito de mais”. Embora passem os séculos, o ser humano continuará levantando estas questões. E basta que nos exijam uma resposta para que a filosofia se torne…

É Hora de Esquecer?

É hora de esquecer… Este parece ter se convertido no slogan da humanidade nos últimos tempos. E, na realidade, nos comove o profundo conteúdo de compreensão que envolve esta bela expressão. Sem dúvidas a vida está cheio de tropeços, de experiências dolorosas, de males que as vezes enchem nossos olhos de lágrimas somente em lembrá-los. E por isso nos parece louvável a tentativa de deixar para trás o sabor amargo e os rancores que enchem o coração e dificultam a ação. Mas uma coisa é trabalhar liberados de rancores e outra muito diferente é fazê-lo em perpétuo estado de “amnésia”. Uma coisa é a generosidade de coração, que entende que é necessário continuar sempre, apesar das dores, outra coisa é esquecer o motivo das dores. Se um homem queima sua mão é mil vezes mais prudente que busque remédio para sua queimadura e que trate de não ter a mente sempre em sua dor; mas em nada lhe beneficia esquecer que foi o fogo que lhe queimou. Daí que nós proporíamos um slogan diferente: É hora de compreender. É hora de compreender que o conflito é parte da própria existência e que é o reflexo entre os homens do conflito…

Casualidade e Causalidade

A angústia e o temor que são produzidos ao enfrentarmos algumas realidades desagradáveis fez, com que, a Humanidade compare sua vida com um jogo casual: nada está relacionado com nada, tudo é uma simples casualidade onde alguns saem ganhando e outros perdendo. E assim, nesta “loteria da vida”, apostamos cada manhã em nossa boa sorte e choramos à noite quando ela não nos favoreceu.  Aos próprios defeitos de falta de vontade, indiferença e covardia psicológica damos a desculpa fácil de que o “mundo é mal e cruel” contra o qual nada podemos fazer. O resultado aparece claramente: se vivemos em uma desordem cósmica onde os acontecimentos seguem a única lei da casualidade , para que preocupar-se por nada? A ciência e a arte – para não falar dos ritos religiosos – são reduzidas por nós a “cabalas” necessárias para arranhar alguma parte da sorte que a vida distribui caprichosamente. E, ante os fracassos, jamais há responsabilidade pessoal: a vida cruel e a casualidade são os culpados da situação e a consciência humana esconde mais e mais na desculpa da impotência ante o destino. Nova Acrópole propõe mudar o conceito de casualidade pelo de causalidade, muito mais claro e comprovável em…

A Alma da Mulher

Chamou-me a atenção uma página de um jornal em que aparece o seguinte título “as mulheres avançam”. Sim, é possível. É uma longa história de reivindicações, uma longa luta para que a mulher possa ocupar um papel digno dentro da sociedade. Mas não deixo de perguntar-me, se vamos pelo caminho correto, se teremos escolhido a via justa, porque todas estas reivindicações pedem para a mulher maior desenvolvimento económico, maiores possibilidades de trabalho, maior segurança no trabalho, maior respeito, maior dignidade… mas como se fosse um posto, um sitio dentro da sociedade, como se fosse nada mais que um sitio físico. E a minha pergunta é: Vamos pelo caminho correto? Porque muito poucas vezes se toma em conta, além deste sítio, desta dignidade e deste respeito, a alma da mulher. Apesar de todas estas grandes lutas que vem assinalando a História, sobretudo nos últimos séculos, no momento atual seguimos registando queixas, mal-estar. A mulher não está satisfeita com o papel que tem na sociedade. Não está satisfeita profissionalmente, não o está com as suas remunerações económicas, e ainda desde o ponto de vista humano, diariamente podemos recorrer a todos os meios de comunicação a quantidade de maus tratos a que se…