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Inteligência Natural

Em uma época em que o tema “inteligência artificial” está tão em moda a ponto de já existir, por parte dos mais imaginativos, uma espécie de contagem regressiva para a chamada “singularidade”, momento em que a inteligência de uma máquina superará a de um ser humano, gostaria de fazer uma pequena contribuição, uma gota de reflexão para ajudar a ver com mais detalhes aquilo que se pretende copiar: a inteligência natural. Tenho falado bastante, em minhas conferências (existe uma especificamente sobre Consciência Humana e Inteligência Artificial, inclusive, disponível no Canal da Nova Acrópole no YouTube), sobre a etimologia da palavra inteligência, que a relaciona com “escolher dentre”, ou seja, com discernimento e identidade, que nada mais são do que o encontro de si mesmo, apesar da poderosa persuasão do meio querendo “escolher” por nós. Já tratei bastante, também, acerca de uma série de vias de conhecimento bem peculiares à inteligência humana que não compreendemos; inclusive, em muitos casos, sequer sabemos de sua existência. Mas o que sugiro, neste pequeno artigo, é dar destaque a um outro detalhe do assunto, além dos já citados, sugerido por alguns autores clássicos, mas também acrescido de algumas vivências de minha parte. Pois bem, percebo…

Não se Trata de Criar Anticorpos

Vivemos em um mundo poluído e nos acostumamos com isso. Principalmente nas grandes cidades, o nível de poluição ambiental aumenta a cada dia, mas, como não podemos abandoná-las, porque nelas estão ancoradas nossas obrigações, simplesmente nos adaptamos a essa situação. Nosso organismo criou anticorpos, e quase naturalmente nos acostumamos ao antinatural. Porém, o processo é mais complexo: a situação não se reduz ao meio físico, mas se expande aos planos psicológico e mental, contaminando as vivências humanas a pontos inimagináveis. A sujeira psicológica se manifesta em emoções grosseiras que se introduzem em todos os espaços da vida. A violência, a agressividade, o egoísmo extremo, parecem ser as medidas usuais na maioria das sociedades. Ao princípio, causam grandes sofrimentos – e continuam causando –, mas, se antes alguém se perguntava até onde seria possível suportar sim explodir, criamos anticorpos para nos defender e seguir adiante como podemos. Certamente a insegurança, o temor, a vulnerabilidade, nos perseguem, mas os anticorpos geraram uma forma de indiferença, que parece indiferença, mas não é. Essa frieza com que aceitamos as maiores crueldades – com a qual tomamos café da manhã todos os dias, graças à mídia – é uma forma de resistir, um dizer a…

O Intelectualismo

Uma das muitas doenças – e bastante graves – que aflige o ser humano atual é o intelectualismo.As mesmas coisas podem ser ditas sobre esse mal como vários outros: que ele ataca certos tipos de seres vivos sob certas condições, e que geralmente aparece em certas idades; não é conhecida a causa que os produz, e os remédios aplicados estão em processo de teste com sucessos e fracassos alternados.Como sempre, a doença começa a partir da decomposição de uma das partes do corpo. Quando a mente começa a funcionar sem ordem ou significado, quando as ideias se tornam obsessivas e monopolizadoras, sem dar origem a outra manifestação de vida, essa mente rarefeita sofre de intelectualismo. O que até então constituía o saudável exercício das faculdades mentais – mais ou menos desenvolvidas – transforma-se num desejo desenfreado de acumular cada vez mais dados, de obter cada vez mais cifras, de encontrar uma razão – seja ela qual for – para o inexplicável, de raciocinar o irracional, de desprezar tudo o que não passa pelo crivo do intelecto.Este homem doente está deformado. Sua cabeça cresce desproporcionalmente e todas as suas outras expressões diminuem ao mesmo tempo: o sentimento esfria, a fé enfraquece,…

Os Sonhos do Rei

Um dia, um rei teve um sonho: sentado em seu trono, no salão central do palácio, ao olhar à sua volta, viu que várias raposas entravam e saíam pelas janelas do salão, correndo de um lado para o outro, à sua volta. Assustado, chamou seus áugures e conselheiros e lhes pediu que decifrassem o sonho, mas nenhum deles deu uma resposta que lhe satisfizesse. Mandou, então, que se espalhassem proclamas por todo o reino descrevendo seu sonho e prometendo a recompensa de um saco de moedas de ouro para quem o decifrasse satisfatoriamente. No meio da floresta, um lenhador muito pobre, de nome Ravi, leu o proclama e pensava, sentado em um tronco de árvore, sobre como seria bom se ele soubesse o significado daquele sonho, pois um saco de moedas de ouro o redimiria de sua miséria. Quando assim pensava, pousou um belo e pequeno pássaro colorido próximo dele, no tronco, e lhe falou: “- O que o entristece, Ravi? Gostaria de saber o significado deste sonho do rei?” Ravi se assustou: “- O quê? Um pássaro que fala!” “- Não só falo, como também sei o significado deste sonho, e posso te contar, com a condição de que…

O Pote

“Certa vez, o mestre pegou um pote, chamou o seu discípulo e colocou algumas pedras, muito grandes, dentro do pote e perguntou ao discípulo: – Está cheio? E o discípulo respondeu: – Sim. O mestre pegou uma sacolinha cheia de pedregulhos, a virou dentro do pote e tornou a perguntar ao seu discípulo: – E agora, o pote está cheio? O discípulo respondeu com firmeza: – Sim, mestre. Desta vez o pote está totalmente cheio. O mestre então pegou uma lata de areia e a derramou dentro do pote, areia preencheu os espaços entre as pedras grandes e os pedregulhos. Após o mestre encher o pote com a areia até o topo, o discípulo afoito disse: – Pronto! Agora acabou mestre, não é possível colocar mais nada neste pote. O mestre respondeu com um sorriso e virou um copo d’água dentro do pote de barro. A água encharcou e saturou a areia. Depois disso, o mestre pegou um novo pote vazio e pediu que o discípulo repetisse a experiência, só que desta vez na ordem inversa dos elementos. O discípulo começou colocando a água, depois areia, depois os pedregulhos e por último tentou colocar as pedras grandes, mas estas já…