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O Caminho Inverso

Quando lemos os textos de História destacam-se as figuras de um Alexandre, um Júlio César, um Napoleão, um Bolívar, como que sobressaindo do seu fundo, de tal maneira que somente os vemos a Eles. É óbvio que não sonharam, trabalharam e lutaram sozinhos – e isso pouco importa – mas as suas silhuetas tremendas cobrem todo o horizonte dos feitos humanos, quase sem deixar lugar a outra coisa a não ser eles próprios. Inclusive, quando são mencionados os seus colaboradores, os seus inimigos, os seus amores, as suas amizades, todos eles parecem anões e se os conhecemos é somente pelo cruzamento circunstancial com a figura do Herói. Se Xantipa não tivesse despejado em público um balde de água sobre a cabeça de Sócrates o seu nome jamais teria chegado a nós; e dela sabemos – ou importa-nos saber – pouco mais do que essa história. Mas desde o século XVIII, foi-se forjando o que o nosso genial Ortega chamou “A Rebelião das Massas”. E as figuras heroicas vão-se diluindo em cada vez mais numerosa companhia. Não se desconhecem os seus méritos, mas estes são partilhados com muitos e a tumba ao “Soldado Desconhecido” é, geralmente, nos dias que correm, mais…

Anedota filosófica: Diógenes e Alexandre, o grande.

Conta-se que certa manhã, Diógenes tomava sol sentado ao lado de seu barril. Alexandre o grande, andava por aquelas terras e de tanto ouvir falar no homem que morava dentro de um barril quis conhecê-lo. Informado de onde se encontrava o filosofo, Alexandre montado em seu Bucéfalo, pôs-se frente a frente com Diógenes e com este, teve o mais memorável de seus diálogos. Desta forma apresentou-se o general: – “Sou Alexandre o grande, diante de mim prostram-se os reinos, eu sou possuidor de muitas riquezas”. Diógenes sem esboçar sinal algum de surpresa, unicamente respondeu ao general: – “Eu sou Diógenes, e isto me basta”. Alexandre, pasmo com a reação indiferente de Diógenes frente a sua imponência, ainda tentou persuadi-lo, com o pretexto de fazer o filosofo segui-lo: – “Ouvi muito sobre sua sabedoria, e te ofereço metade de minhas riquezas se quiser acompanhar-me”. Diógenes para a surpresa de Alexandre e de todos que estavam presentes, prontamente respondeu: – “De você não desejo nada, quero apenas que saia da frente do meu sol pois estás me fazendo sombra”. Os soldados do temível general ainda quiseram zombar de Diógenes, mas foram censurados por Alexandre que lhes repreendeu desta maneira: – “Não zombem…

Amor e Mito

Esses dias, encontrei, por acaso, o conhecido quadro “Independência ou Morte”, do pintor Pedro Américo, e, com essa mania que os filósofos têm de querer refletir sobre tudo, comecei a pensar sobre a cena. Todos sabem que havia um jogo de interesses por trás, que a cena já havia sido “encomendada” por D. João VI antes de partir, e que aquele príncipe não era lá o que se poderia chamar de um primor de moral. Mas, diante desta bela obra, todas estas coisas se desvalorizam, e nasce o mito: um príncipe, um dia, sacou de sua espada e declarou, em alto e bom tom, que os filhos desta terra (nós!) sejamos amantes da independência, ou seja, da autonomia, da capacidade de nos impormos sobre as circunstâncias adversas, e que só temamos a morte indigna. Se ele não era digno de dizê-lo, problema dele; nós somos dignos de vivê-lo, e o tornamos real, através de nossas lutas diárias, às margens de tantos “ipirangas”, e sua espada corajosa e desafiadora é símbolo de nossa disposição ante as dificuldades… e necessitamos deste símbolo. Tantas vezes, Platão fala da necessidade do mito; tantos povos o souberam e viveram, mas nós permanecemos indiferentes ante esta…

Independência ou Morte

Se existe um tema caro ao nosso tempo, é o da independência e da liberdade, cantados em AM e FM com um dos maiores, senão o maior objetivo da vida. À parte a consideração de que ter um valor como sentido de vida já é algo de raro e louvável, não posso deixar de me perguntar, porém, do que é, de fato, que as pessoas querem tanto se libertar. O filósofo Platão costumava falar que quem fala muito de comida, deve estar faminto… e quem fala tanto de liberdade? Claro que surgirão as sempre pertinentes colocações da lista interminável de tiranos que submeteram e submetem a humanidade, em todos os tempos, e que provocam com justiça nossa indignação: de caráter político, religioso e etc. etc. Mas, se me permite a “liberdade”, vamos ser objetivos? O que submete você, agora, aqui, neste momento? Trocando em miúdos, o que te impede, de fato, agora, de ser alquilo que gostaria de ser, ou seja, de realizar seus sonhos? Para não dizer que faço perguntas constrangedoras e que não obedece ao clássico preceito do ensinamento mediante o exemplo, vou tomar a iniciativa e vou te dizer quais foram os principais “tiranos” com os quais…