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Afinal, o que é o Humanismo?

Neste domingo, 11 de setembro de 2016, o “Correio Braziliense”, um periódico da capital federal, publicou uma reportagem de destaque, em duas páginas centrais inteiras, sobre o tema “Afinal, o que é o humanismo?”. O que me surpreendeu um pouco foi o fato de que o tema, que é eminentemente filosófico, não tenha tido nenhum filósofo entre os entrevistados; havia desde políticos, atores, psicólogos, músicos etc. As abordagens, até certo ponto, eram parecidas: foco na inclusão social e na não discriminação das diferenças, tema da moda… Mas os filósofos não participaram desta “inclusão”!

Bem, como não fui entrevistada e estou escrevendo na minha própria página, posso me dar ao luxo de fazer a abordagem que quiser, ainda que “fora de moda”. Acredito que tanto o renascentismo quanto o iluminismo e outras correntes e pensadores não colocaram o foco no “humano” para excluir Deus ou outro assunto qualquer, mas para entendê-lo em profundidade. Vindo do latim “humus”, terra, o ser humano necessita, como todos os seres, de encontrar o seu lugar nesta terra que o gerou, pois todos os seres se realizam sendo aquilo que lhe corresponde, ou seja, realizando o seu ideal. Pensamento platônico, sim, mas bem atual.

As plantas, creio eu, realizam-se fazendo fotossíntese, aportando com aquilo que se espera delas no esquema da vida, e esta é sua identidade; os animais se realizam ao atender aos instintos de sobrevivência e perpetuação da espécie. O homem, com sua espetacular gama de potenciais, realizar-se-ia ao aportar ao mundo valores, virtudes e sabedoria. Vale o ditado bíblico: “Pelas vossas obras, vos conhecerei.”. Um ser com necessidades éticas e estéticas, com impulsos de fraternidade, bem e justiça, com estas pegadas… é um homem, sem possibilidade de erro. Um predador que só corre atrás da satisfação de seus instintos, ainda que se utilize de ferramentas “hi tech” para fazê-lo, é apenas um predador “hi tech”, com potencial humano latente, mas ainda não realizado.

Imaginem uma cultura que estimule o desenvolvimento de valores humanos; de um homem que considere que seu êxito não consiste em ser vitorioso sobre os demais, mas sobre sua própria animalidade; que busque, como meta, não a posse, mas a entrega do melhor de si mesmo em cada coisa que faz; que considere, em suas decisões, como beneficiar outros seres humanos, e não apenas “o que posso ganhar com isso”. Alguém precisaria falar de inclusão para este homem? Inclusão de que, se ele não excluiu nada, se nada nem ninguém ficou de fora de sua visão de mundo? Agora, fale à exaustão de inclusão para homens egoístas, dentro de uma cultura egoísta por definição: todos concordarão, balançarão afirmativamente as cabeças, e te excluirão assim que você virar as costas. Isso é adestramento segundo modismos, e não verdadeira educação, que deveria trazer à tona o melhor do homem.

Ok, podem dizer que sou idealista, romântica, utópica e que não estou na moda Só um lembrete: moda vem do latim “modus”: maneira, costume. E este é meu modo e costume: sempre procurando o ideal de todas as coisas, e acreditando “… que todas as outras coisas serão dadas por acréscimo.”. Quem sabe?

Prof. Lúcia Helena Galvão.