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Por que acreditar na humanidade?

Em 27/10/2018, em Pittsburgh, EUA, 11 pessoas foram assassinadas por um antissemita, Robert Bowers, em uma sinagoga. Pessoas entre 54 e 97 anos, orando em um templo. Mais um crime de ódio, e mais amargura no coração daqueles que insistem em manter viva a fé na humanidade.

Mas eis que hoje me deparo com uma entrevista, no Channel 4 News, com o Dr.Jeffrey K. Cohen, que liderava a equipe médica que atendeu o atirador ferido. Ele, assim como vários médicos da equipe, é judeu e frequenta a sinagoga onde o crime aconteceu. Indagado pela imprensa, Dr. Cohen respondeu: “Não me cabe julgá-lo. Cabe a mim cuidar dele.”

Sou uma professora voluntária de filosofia, e defendo com entusiasmo o lema da Escola de Filosofia Nova Acrópole para o Dia da Filosofia deste Ano: “Por que devemos acreditar na humanidade?”. E acho incrível que, com poucas horas de diferença, um homem atente contra minhas esperanças e outro as devolva de forma tão honrosa. Em suma: há um Robert, e teremos que buscar a origem da alienação que faz com que um homem transfira a responsabilidade total dos males do mundo para um “bode expiatório” e queira eliminá-lo, depois. Mas não há só Robert’s, há Jeff’s… Há quem contenha sua ira e revolta e reverta-as em um ato de lucidez e misericórdia, que são “rostos públicos” da maturidade e do amor. Ambos os pares vivem dentro do homem; quem predominará? Aquele que mais alimentarmos, pois nossa vida, cada gota dela, é alimento para os Robert ou os Jeff que vivem em nós. O mais bem alimentado dará a direção que seguiremos.

Simples assim: há que acreditar na humanidade, mas há que trabalhar dentro de nós para que essa promessa se expresse em fatos. Sim, o Dr. Jeff é “Bridges”, que significa pontes, em bom português; pontes entre o potencial humano e sua realização. Inspirados pela grandeza de seu exemplo, que nós também saibamos sê-lo!

Texto de: Lucia Helena Galvão