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O valor do trabalho

Todos pedimos coisas para a vida. Cada um, a sua maneira, quer conquistar algo especial. Mas em nossa ingênua ignorância, consideramos que a vida nos deve de fato este favor. Que só pelo fato de existirmos já temos o direito de receber.

Suponhamos que a vida nos dê alguns presentes. Encontramo-nos com as seguintes consequências:

  • Um presente não nos custa nada. Por isso mesmo, sempre pediremos mais e mais.
  • As coisas que não nos custam nada não possuem valor. Quer dizer, têm algum valor, porém não o conhecemos e tampouco nos importa conhecê-lo.
  • As coisas que temos aumentam nossas fantasias e ilusões e nos dão uma falsa percepção de que as possuímos, como se determinado objeto, ou algo, fosse nosso.
  • Também há o aumento da vaidade, porque consideramos que merecemos isso e muito mais.
  • Os presentes que nos são dados não são obtidos por qualquer esforço, exceto – no melhor dos casos – o de agradecer pelo presente àquele que nos concede
  • Os presentes que nos são dados tiram o sentido da generosidade. A pessoa que se acostuma a receber é lenta para dar algo de si
  • A vida é uma corrente que flui, que está em movimento, e nós não podemos estar fora da Vida. Sendo assim, nos corresponde fluir, nos movermos a atuar e trabalhar.

A ação constitui uma enorme fonte de energia com a qual aproveitamos a vida, do contrário sofreríamos. Essa energia nos torna criativos, nos ajuda a resolver as situações mais complicadas, nos faz ver as coisas que estão mais adiante, sem que pra isso sejamos “clarividentes”. A ação tem em si a energia do movimento.

Trabalho não é apenas “ganhar a vida”. O homem é um produto de suas ações no mundo, de seu trabalho constante. Quem trabalha desenvolve e expande suas aptidões que, na maioria das vezes, estão adormecidas e escondidas; o trabalho nos ajuda a ativar os nossos poderes latentes, nos ajuda a descobrir vocações ocultas e a obter realizações inesperadas. Fortalece nossa vontade e nossa inteligência, nos ensina, sobretudo, a amar.

Em síntese, mais que uma maldição, o trabalho vem a ser nossa oportunidade de redenção. E, assim, tomamos contato com o que há de melhor em nós e com a vitalidade que circula todo o Universo.

Delia Steinberg Guzmán
Diretora Internacional de Nova Acrópole

Foto por Jeff Kubina. Disponível em http://www.flickr.com/photos/95118988@N00/2750824192/